Linfedema: O que é e como tratar?
O linfedema costuma ser chamado de retenção líquida, pois a sua principal característica é o inchaço corporal. Pode ocorrer em qualquer parte do corpo, mas a região dos tornozelos e pernas é a mais afetada. É um problema mais comum do que se pensa, mas que não é diagnosticado como deveria. Apesar de não ter cura, o linfedema tem tratamento cujo sucesso depende muito do diagnóstico precoce.
O que é o Linfedema?
O linfedema é o acúmulo de líquido linfático entre os tecidos corporais. Esse líquido é, na verdade, a linfa, uma substância rica em proteínas, sais minerais, glóbulos brancos e água. A linfa é transportada pelo nosso corpo pelos linfonodos e pelos vasos linfáticos.
Quando existe alguma disfunção ou bloqueio nesses vasos, ocorre o acúmulo de líquido, fazendo surgir o edema ou inchaço. Então, o linfedema é o mau funcionamento do sistema linfático que, por sua vez, tem um papel importante no fortalecimento do nosso sistema imunológico. Como assim?
Bom, os linfonodos ajudam na filtragem das substâncias nocivas que aparecem no nosso organismo, funcionando como uma barreira e reduzindo o risco de infecções.
Geralmente, o linfedema afeta os membros inferiores, mas também pode surgir nos braços, abdômen e até no rosto.
Como identificar o Linfedema?
A ida ao médico é essencial para que a identificação do linfedema seja feita. Durante a consulta, o profissional fará a observação e a avaliação clínica dos sintomas, bastante característicos.
A observação desses sintomas também favorece a compreensão do problema pelo paciente a partir da avaliação do próprio corpo. Dentre os principais sinais do linfedema, podemos citar:
• Inchaço nas pernas e tornozelos;
• Pernas ou pés assimétricos. O linfedema pode atingir um único membro inferior, fazendo com que o indivíduo apresente uma perna mais inchada do que a outra;
• Sensação de dor, peso e cansaço nas pernas;
• Formigamento;
• Sentir que as roupas, sapatos, anéis e cordões estão mais apertados do que o normal, sem uma causa aparente;
• Pele mais brilhante;
• Redução da mobilidade por conta do inchaço;
• Sinal de cacifo: depressão na área inchada que permanece durante um tempo e só melhora quando o indivíduo mantém as pernas em sentido horizontal durante o descanso.
O sinal de cacifo é facilmente detectado. O médico pressiona a região inchada com os dedos em formato de pinça, causando um afundamento da pele em função do edema.
Quais os tipos?
Existem dois tipos de linfedema. A classificação leva em conta a causa do problema. Assim, podemos dividi-lo em:
Linfedema primário
Esse tipo de linfedema surge quando o sistema linfático possui alguma deformidade ou mau funcionamento que impede a circulação regular da linfa, resultando em seu acúmulo pelo corpo.
O linfedema primário não é tão comum quanto o secundário, mas é o que mais atinge os membros inferiores, sendo raro nos membros superiores.
Linfedema secundário
Já o linfedema secundário é causado por alguma obstrução em decorrência de doenças, procedimento cirúrgico ou infecções. É o tipo mais frequente.
Qual a causa do linfedema?
Como vimos anteriormente, as causas do linfedema podem ser divididas em dois tipos: primárias e secundárias.
Causas primárias
O linfedema primário tem causa hereditária, surgindo de forma espontânea, sem intervenções externas. Normalmente, é resultado da pouca quantidade de linfonodos ou de um defeito na execução do trabalho dessas pequenas estruturas.
Tornozelos e pernas são os que mais sofrem com o linfedema primário, cujos sintomas mais comuns são o inchaço nos pés no final do dia, associado ao cansaço, sapatos e meias que deixam marcas na pele após o uso.
Causas secundárias
O linfedema secundário pode ser causador por:
Intervenção cirúrgica
Os tratamentos de câncer, envolvendo cirurgia ou radioterapia, também costumam provocar o linfedema por causa da remoção dos linfonodos. Nesses casos, o linfedema surge na região dos braços e axilas.
Infecções que causam cicatrização dos tecidos linfáticos
É comum em pessoas que sofrem com filaríase, filariose, ou elefantíase, termo mais popular da doença.
Na elefantíase, o membro afetado adquire um tamanho extremamente maior do que o membro saudável, acompanhado de pele enrugada, grossa e ressecada, semelhante a uma pata de elefante.
Qual médico cuida de linfedema?
Geralmente, o primeiro médico que o indivíduo procura quando apresenta algum sintoma ou desconforto é o clínico geral.
Por ser um médico generalista, este profissional deve fazer o atendimento inicial e encaminhar o paciente para um especialista, no caso, o cirurgião vascular ou angiologista, que são os profissionais que tratam o linfedema.
Entretanto, sabemos que o linfedema, principalmente o primário, não costuma ser detectado facilmente. Geralmente, isso acontece por causa dos sintomas não muito específicos que confundem até os próprios especialistas.
Por isso, o paciente deve ficar atento aos sinais do seu corpo, procurar saber mais sobre o assunto e, principalmente, buscar atendimento com um médico vascular, apto a tratar com eficácia qualquer problema de circulação.
Como tratar o linfedema nas pernas?
É importante lembrar que o linfedema não tem cura, mas o tratamento possibilita que o indivíduo tenha uma vida com mais qualidade, com redução dos sintomas e melhor mobilidade.
Infelizmente, os danos que os vasos linfáticos sofrem com as lesões primárias ou secundárias são irreversíveis, não sendo possível eliminá-los.
Além disso, os sintomas podem piorar com o passar do tempo e o linfedema pode evoluir para uma situação bem mais complicada. A intensificação dos sintomas, dentre eles, a perda da mobilidade são agravamentos reais do linfedema.
Após a análise clínica dos sintomas, o cirurgião vascular deverá solicitar exames de imagem para averiguar a situação interna das pernas do paciente e, em seguida, indicar o melhor tratamento.
Algumas ações que fazem parte do tratamento do linfedema:
• Drenagem linfática feita de forma profissional;
• Uso de roupas compressivas para reduzir o inchaço e estimular a circulação;
• Uso de medicamentos que melhoram o funcionamento do sistema linfático.
• A intervenção cirúrgica é possível em alguns casos, mas não tem o objetivo de curar o linfedema, visto que as lesões não podem ser revertidas. Entretanto, a cirurgia pode remover os tecidos inchados e estimular o funcionamento do sistema linfático.
Como lidar com os sintomas incômodos
Quem sofre de linfedema deve tomar algumas medidas diárias para aliviar o desconforto. Algumas dicas são:
• Evitar ambientes com altas temperaturas;
• Evitar roupas apertadas;
• Evitar exercícios que exijam muito do organismo.
• Manter o cuidado e a higiene do corpo para reduzir o risco de infecções.
O linfedema é um problema comum, mas nem sempre é diagnosticado corretamente, o que dificulta o tratamento. Apesar de não ter cura, é imprescindível que o paciente siga as orientações médicas para garantir uma vida com mais qualidade e também mais segura.
DRA. QUISY STORTI
MÉDICA CIRURGIÃ VASCULAR E ANGIOLOGISTA
CRM 139408 RQE 75884
Graduada em medicina pela Faculdade de Medicina de Marília, fez residência em Cirurgia Geral no Hospital Heliópolis, residência em Cirurgia Vascular no Hospital Tatuapé.
Possui pós graduação em Laser, Cosmiatria e procedimentos estéticos no Hospital Albert Einstein e Fellow de ultrassonografia com Doppler na clínica Angiodiagnótico.
Atualmente, atende no Espaço Médico Descomplicado e também na Clínica Natuee no bairro Itaim Bibi, realizando tratamento e acompanhamento de todas as doenças vasculares, assim como, tratamento de varizes e vasinhos